sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

4 Grandes têndencias de mudança, na Cadeia de Abastecimento das empresas


Vivemos actualmente numa economia de mercado, em que o consumidor final, é que detêm o poder de decisão. Esta dinâmica de mudança do ponto de decisão na cadeia de abastecimento das empresas é a terceira a ocorrer nos últimos 100 anos. O final do século 20 ficou marcado pela economia voltada para o marketing, onde as pessoas que criavam a marca detinham poder de decisão, devido em parte ás opções alternativas de produtos limitadas, e á menor disponibilidade financeira dos consumidores.

Na segunda metade do século 20, retalhistas(intermediários na relação comercial), emergiram como donos do canal de distribuição. Eles possuíam os dados e a relação directa com o cliente, e usavam a sua posição para alavancar ganhos face a produtores e fornecedores, sendo que as forças do capitalismo, ou melhor, oportunismo garantiram que a competição existisse. Este processo foi acelerado pela revolução da informação, pelo e-commerce, assim como pela grande distribuição de riqueza, que ocorreu na bolha especulativa de 96 a 2001, levando a uma terceira fase que vivemos hoje, onde o cliente é verdadeiramente central na estratégia da cadeia de abastecimento e nos seus processos. Para perceber estas mudanças na cadeia de abastecimento, no mercado globalizado do mundo de hoje, temos de compreender as grandes tendências que directamente a influenciam.

Grande têndencia 1: Customização em massa

Num mundo em que quase tudo se tornou uma commoditie (preço determinado pela lei da oferta/procura em produtos com pouca ou nenhuma diferenciação), os consumidores vão satisfazendo de forma gradual as suas necessidades básicas e não essenciais através dos seus padrões de consumo. Progressivamente o mercado adopta modelos de customização em massa, que permite aos consumidores personalizar os produtos, escolhendo de entre vários padrões existentes.

Como as empresas gerem os processos de customização, vai ditar a sua capacidade para atrair e reter clientes e para gerar lucro. Isto traz uma complexidade acrescida á cadeia de abastecimento. Isto força as empresas a lidar com procurement distribuído, satisfação de encomendas, produção e distribuição a uma velocidade crescente, devido ao aumento da segmentação e volatilidade na procura.

Grande têndencia 2: Globalização e micro-segmentação

A micro-segmentação dos mercados irá eventualmente substituir a tradicional macro-segmentação, resultando numa modificação em paralelo da cadeia de abastecimento, de uma lógica macro, para uma micro, desenhada para servir as necessidades do consumidor individualmente. Central a esta mudança de processos será a captura e analise da informação de clientes sobre o uso, necessidades, desejos e comportamento no uso de produtos/serviços. O conhecimento do cliente até este nível de detalhe irá ser visto como critico para as empresas.

Comunicações globais e em tempo real aumentaram a competição abrindo mercados a nível global. Este novos mercados girarão em torno da oferta de produtos/serviços dinâmicos com demografias estudadas e marketing intelligence melhorado, com desenvolvimento de produto pela internet através de polls ou inquéritos, ou de outras formas. Os preços tornam-se altamente elásticos, mercados fluidos, altamente flexíveis e personalizados baseados em compromissos de lealdade.

As prováveis ramificações da globalização para a gestão da cadeia de abastecimento são:

Concentração de fornecedores

No novo paradigma da produção e distribuição em rede, as organizações terão grande sincronização entre os processos internos de gestão da cadeia de abastecimento e processos que envolvem parceiros, relativamente ao planeamento, fornecimento, entrega e logística inversa, neste ambiente global.

Produção perto dos mercados cliente

A pressão colocada nos preços de transporte de mercadorias força as empresas a deslocalizarem-se para produzir o mais perto de clientes.

Proliferação de tecnologia preditiva

Para fazer face a acontecimentos imprevistos, as empresas vão ter de gerir a distribuição e fornecimento em tempo real, com vários níveis de optimização.

Competição na luta pelo talento dos recursos humanos

As empresas cada vez mais necessitam de novos lideres e estratégias de recrutamento de talentos, gestão da inovação e capacidade para perceber e executar acções lucrativas.

Grande tendência 3: Inovação rápida

Vantagem competitiva pode ser conseguida pela liderança de mercado, proximidade ao cliente e excelência operacional. A inovação dos produtos e serviços e parcerias na cadeia de abastecimento; cada um pode por si criar valor diferenciador, mas combinados podem ajudar as empresas a perceber o potencial de produtos inovadores, prolongando o ciclo de vida, ou diminuindo o tempo, que a competição detém, no ciclo de vida do produto. A procura por parte do mercado, por produtos mais pequenos, rápidos e ricos em características ou funções, fazem da diferenciação um factor critico para o sucesso sustentado.

Uma diferenciação duradoura será suportada por processos de toda a cadeia de abastecimento. Como as empresas operacionalizam a inovação, será tão importante como a inovação em si. O ciclo de desenvolvimento do produto está ligado directamente a lançamentos simultâneos em todo o mundo. Fracassos no lançamento de produtos têm como principal razão atrasos na disponibilização desses produtos no mercado.

Grande têndencia 4: Colaboração entre múltiplas empresas

As empresas na economia globalizada trabalham em rede. Rede de vendedores, clientes, fornecedores. Á medida que as empresas controem cadeias de abastecimento, mais ágeis e flexíveis, descobrem que não têm uma única cadeia de abastecimento, mas múltiplas, especificas de produtos, localização, clientes ou fornecedores, necessitando de requisitos e capacidades diferentes.

As organizações em rede criam grandes problemas de partilha de direitos e obrigações, de cada uma das empresas, assim como coordenação entre todas elas.
Actualmente assistimos ao aparecimento de um modelo híbrido de gestão da cadeia de abastecimento. Utiliza as vantagens do planeamento centralizado e as forças da execução descentralizada.

O papel das novas tecnologias

A confluência destas grandes tendências obriga a que a gestão da cadeia de abastecimento seja feita sobre um framework com capacidade de crescimento, ágil e adaptável. Grid computing têm o potencial para fornecer a necessária potencia para resolver problemas complexos. Software inteligente trabalha depois a informação.
Com a ubiquidade dos sistemas RFID, a localização de cada produto até a venda (ou consumo) é facilitada, permitindo um conhecimento de hábitos e padrões de consumo.

1 comentário:

Allan Carneiro disse...

ACHEI MUITO INTERESSANTE A SUA CAPACIDADE DE SINTESE EM RELAÇÃO AO ASSUNTO, MOSTRANDO DE FORMA CLARA A REALIDADE DA LOGÍSTICA HOJE NO MUNDO, COM A NECESSIDADE CRESCENTE DE ADENTAR NA CADEIA DE ABASTECIEMNTO DE FORMA EFETIVA PARA QUE OS RESULTADOS SEJAM CONSTANTES E COM GERAÇÃO DE VALOR E REDUÇÃO DE CUSTOS.
Sou professor universitário no Brasil
carneiroconsultoria@yahoo.com.br